Na França do século 19 e início do século 20, era costume que a noiva guardasse a sua grinalda sobre um globo de vidro, colocado sobre uma base de madeira, chamado de “globe de mariée” – globo de casamento ou o mundo do casamento. A coroa repousaria sobre uma pequena almofada de veludo, muitas vezes vermelho e raramente rosa ou azul. Um dia depois, a noiva colocaria dentro do globo a sua coroa de flores, fosse natural ou artificial e, ao longo dos anos, ela acrescentaria objetos simbólicos – como mechas de cabelos, lembranças de batismo de crianças, pequenos anjos ou pássaros.
Ornamentos de pequenos depositados no globo também seriam colocados lá, mas não por acaso: a quantidade de espelhos corresponderia a quantos filhos o casais tivesse. Da mesma forma, frutas ou flores artificiais tinham significados: uvas para prosperidade, trigo para fertilidade, marfim para estabilidade. O revestimento interno era comandado pela mãe da noiva, que o ordenava a partir de um relojoeiro ou joalheiro, que na época eram artesões equipados com ferramentas para fazer folhas de bronze, flores e folhas. Veja abaixo algumas fotografias de globos de casamento do século XIX, e um do século 20: Todos eles foram vendidos em leilão no site LiveAuctionners, por entre 200 e 450 dólares cada.
Acredita-se que esse costume tenha sido criado por volta de 1870-1880, tendo por volta de 40 centímetros de altura e 24 de largura. Era uma exibição da história do casal, para preservar suas lembranças de casamento, bem como para contar a sua história de vida. Colocados de forma proeminente na sala de jantar formal, os noivos escolhiam os itens para exibição, e cada um tinha um significado muito especial e pessoal para eles. Durante o auge de sua popularidade, durante o reinado de Napoleão III, haviam diversos outros materiais disponíveis, e vários outros significados. Passarinhos eram símbolo de amor; folhas de longevidade e união; flores de laranjeira eram virgindade; rosa o amor eterno; margaridas eram pureza e inocência; folhas de carvalho eram longevidade do casal; folhas de figueira eram prosperidade; árvore era um símbolo de amor e força, o trevo de quatro folhas era um símbolo de boa sorte; cerejas eram proteção contra má sorte; o pombo simbolizava o desejo de paz no lar; o pássaro segurando uma coroa de louros simboliza a construção da família pela mulher.
O espelho por si só merece uma explicação separada: espelho o central simboliza o reflexo da alma, a verdade. Ele reflete a luz do sol, e é um dos símbolos da sabedoria e do conhecimento. O triangular e em forma de diamante é o da fecundidade (aquele que simboliza o número de filhos que o casal deseja ter). O oval é um símbolo de sorte oferecido pelas damas de honra da noiva. Os espelhos retangulares com superfície levemente curvados, em torno da coroa, evocam um nó mágico e simbolizam a união de dois seres.
Atualmente, é raro encontrar esses globos de casamento em boas condições. Elas eram extremamente frágeis e por isso são mais facilmente encontrados em leilões.
Quero um!!!
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Genteee, como assim um costume lindo desses desapareceu??
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É questão de moda você pode ver no post que já no século 20 eles começaram a ser feitas em caixas e nem em forma de globo mesmo.
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Eu amo esses posts sobre objetos. Tanta coisa linda que desapareceu!
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Tem muita coisa que poderíamos reviver, para restaurar o amor ao belo que perdemos nos últimos quarenta anos.
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